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Blog do Felippe
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Aconteceu na Marca Brazil |
— Tenho uma invenção que vai acabar com os assaltos às agências bancárias. — Diga lá seu Antenor! Qual é a novidade? — perguntei abruptamente enquanto roncava o mate. — O grande problema das agências bancárias é quando ocorre um assalto — disse o inventor com a segurança de quem contabilizaria muitas horas de experiência. — Como assim? — Os vagabundos entram dentro da agência com as armas em punho ameaçando todo mundo. E o que os seguranças fazem? Nada — respondeu seu Antenor a sua própria pergunta. Os guardas têm ordem de não reagirem em um caso como esse para não por em risco a vida dos clientes. — Parece que evitar expor os clientes a uma situação de risco de vida é o mais adequado — ponderei. E além disso, existem as portas giratórias com detectores de metal. — Estas portas não servem para nada, pois os guardas liberam o botão para mulheres e pessoas mais velhas. Já vi um caso de assalto onde uma falsa grávida entrou no banco com uma arma escondida na barriga. O guarda liberou a porta e ela rendeu o cara. Aí, junto com os outros comparsas que já estavam dentro do banco, fizeram o assalto. — Isso é um caso isolado. Não serve como média. — Também os ladrões podem entrar atirando. A porta trava e o cara saca a arma e arrebenta os vidros à bala. Pensei em contra-argumentar, mas resolvi ouvir o inventor. Afinal das contas, ele era “o cara”. — Bem! — E qual é a sua ideia? — Aperfeiçoar as portas giratórias, é claro. A experiência traz algumas vantagens, como, por exemplo, se preparar para grandes impactos. Ofereci um mate para o Antenor que o recusou. Não gostava dessa beberagem amarga. — No que consiste essa melhoria? — Vamos manter essas portas que já estão aí por questões de custo, mas vamos construir um alçapão debaixo delas. — Como assim! Um alçapão? — Sim! Um alçapão. E que pode ser aberto ao comando dos guardas que vigiam a porta. — E o que acontece então? — O alçapão dá acesso a um quarto de segurança debaixo da porta do banco. — O cara cai nesse quarto? — indaguei estupefato. — Exatamente! Se a porta giratória acionar o sistema de trava e o ladrão sacar a arma para arrebentar os vidros, o alçapão se abre e o bandido vai cair dentro de uma cela abaixo da porta. — “Isso é gozação” — pensei com meus botões. Acontece às vezes. Tem gente que não tem o que fazer e passa trote ao telefone, chama a Brigada sem necessidade e essas coisas. Mas, analisei bem seu Antenor, e ele não parecia ser tão bom ator para disfarçar desse jeito. Resolvi continuar. — Seu Antenor, o cara vai cair num quarto debaixo da porta. Que fundura (boa essa) tem esse buraco? — Normal, uns três metros. — O ladrão vai se quebrar todo, pode até morrer. O banco vai ser acionado judicialmente — poderei. — Ele não vai se machucar, pois toda a cela vai ser acolchoada — respondeu prontamente o inventor. Deixei a mente em divagações por uns instantes, pensando naquela senhora que vai ao banco pegar sua aposentadoria. Saia rodada, óculos, cabelo bem arrumado num coque, sapato com salto baixo. Imagina: a avó da gente. A porta falha e despenca a velha lá de cima para dentro da cela. Os guardas vão investigar e encontram a velha com o vestido virado, toda escabelada, sem um dos sapados e aos berros, dentro do quarto para louco. — Mas seu Antenor! — ponderei, retomando o assunto. Se a porta falhar com uma gestante, um aposentado, criança etc., e a pessoa cair dentro da cela. O banco vai pagar os tubos em indenizações. Nenhuma agência vai correr esse risco com os clientes. — Não tem falha! Por isso que já tenho passagem marcada para Brasília para falar com o diretor do Banco Central para mostrar a minha invenção. O assunto era sério mesmo. Resolvi fazer o relatório. Essa porta rendeu mais patentes.
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